Fisioterapia Urogenicológica
Abdominal mal feito gera
incontinência urinária.
Ao contrário do que se
imagina, todos são
suscetíveis à patologia.
Exercícios abdominais mal
feitos e hábitos inadequados
podem ocasionar o problema
de incontinência urinária.
Segundo a fisioterapeuta
Maura Regina Seleme,
especialista em
urogenicologia, no Brasil,
há cerca de 18 milhões de
pessoas que sofrem com o
problema, dos quais 80% são
mulheres.
Ao contrário do que se
imagina, a patologia não
atinge só o grupo de
terceira idade, mas também
crianças, atletas e mulheres
que acabaram de ter filhos
ou estão na menopausa. O
problema, no entanto, pode
ser solucionado com sessões
de ginástica específica para
a região.
Muitas mulheres no pós-parto
lotam academias para modelar
o corpo novamente. O
problema é que em alguns
exercícios, como os
abdominais, há um
desequilíbrio da transmissão
da pressão da região
abdominal e do diafragma,
que ao invés de direcionar a
força para a região sacra da
coluna, se encaminha para a
fenda vaginal, favorecendo o
aparecimento do problema.
Outros hábitos como a
constipação e não-respeitar
a necessidade do organismo
de urinar, não indo ao
banheiros a cada de 3 ou 4
horas, também prejudicam.
Outro fator que contribui
para o agravamento da
incontinência urinária é a
falta de tratamento durante
a menopausa.
Segundo Maura, ainda existe
um grande tabu sobre o
assunto, resultando na
procura por ajuda muito
tarde. " Só quando a
situação está muito grave o
paciente resolve contar a
situação para o médico",
diz. Para ela, o assunto
virou caso de saúde pública,
pois a doença afeta muito o
psicológico do paciente e
favorece o isolamento
social. " Os mais jovens
começam a mudar a rotina,
para evitar sair de casa, e
os mais velhos começam a
apresentar um alto grau de
depressão", comenta a
fisioterapeuta.
Tratamento
De acordo com Maura, na
Europa, todas as mulheres no
pós-parto fazem uma série de
exercícios chamados de
hipopressivos, que trabalham
a musculatura responsável
pelo problema. "eles
estimulam e fortalecem as
paredes da vagina e a
musculatura do períneo,
ajudando a posicionar os
órgãos do baixo-ventre,
favorecendo a correção
postural", explica.
A ginástica pode ser usada
tanto na prevenção quanto na
cura. Segundo a
fisioterapeuta, uma paciente
que tinha uma perda de urina
muito grande - chegando a
usar vinte fraudas
diariamente - após três
sessões, já começou a se
controlar e diminuíram os
números de fraudas. Outros
pacientes já chagaram a se
restabelecerem
completamente, realizando de
dez a quinze sessões.
Como fortalecer a
musculatura
A ginástica hipopressiva é
bastante simples, podendo
ser indicada para qualquer
pessoa. Alguns exercícios de
contração podem ser feitos
até mesmo no trabalho ou no
carro. Como ensina a
fisioterapeuta Maura Seleme,
os homens também podem
fortalecer o esfíncter da
uretra contraindo e
relaxando a musculatura de
30 a 50 vezes seguidas, três
vezes ao dia. A contração
deve ser feita também na
hora de espirrar, tossir e
fazer algum esforço físico,
para evitar a perda
urinária, tanto para homens
quanto para mulheres. A
melhora aparece em
aproximadamente dez dias.
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Encha o abdômen de ar,
contraia e segure por alguns
instantes.
Repita o exercício com as
pernas para cima, inclinando
o tronco como num abdominal.
Fique agora de joelhos.
Inspire, prenda a
respiração, contraia o
abdômen e relaxe lentamente.
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O que pode favorecer
Músculos abdominais muito
fortes e períneo muito
fraco;
Enfraquecimento muscular do
períneo causado pela
gravidez e parto;
Fraqueza muscular e
alterações hormonais da
menopausa;
Constipação intestinal
(dificuldade para evacuar);
Infecções urinárias
freqüentes;
Nos homens, a incontinência
costuma aparecer depois de
cirurgias de próstata.
O que fazer para prevenir
a incontinência urinária
- Fortalecer o períneo
com exercícios
abdominais adequados.
- Prevenir a prisão de
ventre com uma
alimentação saudável.
- Durante a gravidez,
fazer uma boa preparação
para o parto - aprender
a relaxar o períneo para
a expulsão do bebê.
- Urinar a cada três
ou quatro horas, no
mínimo.
Incontinência urinária
afeta 10 % dos idosos
Oito em cada dez
portadores da doença são
mulheres A incontinência
urinária afeta
aproximadamente 900 mil
pessoas no Paraná, o que
equivale a 10% da
população do estado.
Cerca de 80% das pessoas
afetadas pela doença são
mulheres - a maioria
devido a problemas
hormonais causados pela
menopausa. Para
enfrentar o quadro
clínico, que afasta seus
portadores do convívio
social, não existem no
Brasil políticas de
informação, apesar de a
medicina oferecer
técnicas modernas de
reeducação que podem
evitar o avanço do
problema. Algumas destas
técnicas foram
apresentadas ontem em
palestra promovida pelo
Hospital Santa Cruz de
Curitiba.
Foram convidados a
participar do evento os
especialistas franceses
Eduard-Guy Leclere,
presidente do Hospital
Clinique Des Orneaux Le
Havre-France; e
Françoise
Nourdin-Bizouard, chefe
do Serviço de
Fisioterapia do Hospital
Lariboisière de Paris. O
Santa Cruz também
convidou autoridades da
área da saúde para
estudar uma campanha
preventiva sobre a
incontinência.
Os médicos franceses
disseram que a
incidência da
incontinência urinária é
tão preocupante no mundo
que motivou esta semana
congresso específico
sobre o assunto em
Paris.
Françoise Nourdin
Bizouard explica que
existem duas grandes
categorias de vítimas da
incontinência urinária.
Há pessoas que urinam
involuntariamente após
um excesso de esforço
momentâneo como tosse,
espirro, levantamento de
algum peso ou depois de
uma gargalhada. E há as
que simplesmente têm uma
necessidade súbita de
eliminar a urina, não
conseguindo chegar a
tempo no banheiro.
O trabalho de prevenção,
para os especialistas
franceses, é considerado
fundamental para
garantir que o portador
de incontinência seja
tratado precocemente. A
mensagem "se você tem
uma pequena perda
urinária, não se
envergonhe, fale com seu
médico" está espalhada
por vários hospitais e
outros centros de saúde
e funciona para que as
pessoas não percam tempo
até iniciar o
tratamento.
Dependendo da avaliação
médica o paciente pode
ser submetido a
cirurgia, ser tratado
com medicamentos ou ser
encaminhado para a
reeducação. A reeducação
não se completa em curto
prazo, mas é considerada
bastante efetiva para
garantir que a mulher
recobre a contração dos
músculos do períneo e
fique livre da
incontinência. |
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